Um dos assuntos mais divulgados pela
mídia atualmente é o conflito que vem ocorrendo na região do oriente europeu,
onde a disputa entre Ucrânia e Rússia pela Crimeia piorou em fevereiro de 2014,
culminando na anexação do referido território por parte do governo de Moscou
comandado por Vladimir Putin. Visando esse assunto como um possível tópico a ser
cobrado no ENEM ou em vestibulares, assisti a uma ótima palestra do professor Gabryel
C. acerca deste assunto e gostaria de passar adiante um pouco do que aprendi.
Muitas coisas geraram dúvidas e
discussões nesse debate, mas houve um consenso geral de que para compreender a
crise ucraniana, devemos buscar as respostas no passado. Abrindo o livro de
história e voltando a meados do século VI, há uma dispersão dos povos eslavos
na direção do leste europeu, com esse grupo massivo se dividindo em várias
outras etnias como tchecos, búlgaros, croatas, poloneses, sérvios e, é claro
que aqui entra o nosso enfoque, os russos e ucranianos.
Avançamos, então, até 1922, após a
Revolução Russa ter estabelecido um governo unipartidário comunista e unido as
republicas soviéticas, englobando Rússia, Ucrânia, Bielorrússia e a
Transcaucasia – atual Azerbaijão, Armênia e Geórgia.
Juntos, estes países formaram a URSS,
e nesse contexto de “união”, o então chefe do partido comunista, Nikita
Khrushchev, entregou a região da Crimeia à Ucrânia – existe, a propósito, uma
“teoria” de que Nikita estava bêbado quando tomou essa decisão. Com o fim da
URSS em 1991, a Ucrânia manteve o território que lhe foi dado, mesmo a Crimeia
tendo a maior parte da população de origem russa.
Após o termino da Guerra Fria no mesmo
ano do colapso da URSS, a Rússia recebeu o ultimato de se tornar capitalista em
mais ou menos quatro anos. Os países mais fortes queriam garantir seus
“quintais de influência” através de associações semelhantes a blocos
econômicos, e tendo isso em mente, a Rússia criou um bloco com os membros da
antiga União Soviética, nascendo assim a CEI – Comunidade dos Estados
Independentes.
As
teorias capitalistas entram na jogada.
No inicio do século XX, John Maynard
Keines passou a defender o estado de bem-estar social, no qual a intervenção do
Estado com políticas sociais garantiria emprego e igualdade. As ideias
keynesianistas passaram a ser mais ouvidas após a Crise de 1929, quando a bolsa
de valores quebrou afetando a economia mundial e, principalmente, a vida do
cidadão americano.
Em contrapartida, do ponto de vista de
Friedrich Hayek, o keynisianismo levaria a um colapso da sociedade. Ele
defendia o neoliberalismo, o qual previa uma intervenção mínima do Estado e tomava
as desigualdades sociais como necessárias para a manutenção da civilização,
afinal, quem iria querer trabalhar se poderia simplesmente depender de uma
bolsa do governo?
Na década de 90, a Ucrânia passa a ter
tendências neoliberais. Além disso, eles se negam a devolver a Crimeia mesmo após
o governo russo invalidar a decisão tomada por Nikita.
A
economia ucraniana se divide.
A Ucrânia, já em dias mais atuais,
passa a ter um dilema: Deve se aproximar da Rússia ou da Europa?
Buscando uma melhor estrutura
econômica, o governante russo Vladimir Putin quer uma união eurasiana, e o
presidente ucraniano Yanukovich aparenta ser a favor da ideia. No entanto, a
extrema direita da Ucrânia, liderada pela ex-primeira-ministra Yulia Tymoshenko
visa fazer o país entrar na União Europeia.
Os
conflitos se agravam e a politicagem também.
Em novembro de 2013, Viktor Yanukovich
nega a possibilidade de ingresso na União Europeia, gerando um manifesto da
extrema direita que logo se torna agressivo, incluindo até atuações
neonazistas. O governo responde na mesma moeda, e em tal cenário de violência,
manifestantes na capital ucraniana Kiev passam a exigir a renuncia de
Yanukovich.
Yanukovich acaba sendo deposto em fevereiro de 2014, e um fato interessante é que o político sumiu por um tempo e só foi reaparecer na Rússia, confirmando suas tendências pró-Putin.
Enquanto tudo isso acontecia no centro
político ucraniano, o leste do país, formado majoritariamente por povos de
origem russa, passa a acentuar seu desejo de integrar a Rússia. Isso vai
aumentando até que em 16 de março a Crimeia, com grande aprovação popular, assina
uma espécie de tratado de independência e se anexa ao território russo.
Putin envia tropas para a região,
enquanto os Estados Unidos ameaça com sanções quando na verdade eles não
possuem armas políticas para lidar com a Rússia nem por meio da ONU ou mesmo
com o apoio de outras nações, já que vários países, especialmente os europeus,
dependem da matéria-prima russa. Um exemplo disso é a Alemanha, que compra muito
gás natural da Rússia, produto que viaja para toda a Europa através de
gasodutos que atravessam a Ucrânia e concretizando assim uma das diversas importâncias da Crimeia. Apesar disso, praticamente toda a comunidade mundial
não reconhece a anexação da Criméia.
Yulia Tymoshenko se candidata, mas
perde as eleições presidenciais ucranianas para Petro Poroshenko, um magnata
empresarial cujas predileções por Rússia ou União Europeia ainda não parecem
estar bem definidas.
Onde isso vai parar?
Além de todas
as vítimas e dos estragos causados pelas manifestações violentas e pelo avanço
das tropas russas, no dia 17/julho de 2014, um avião da Malaysia Airlines caiu
na Ucrânia em território dominando por rebeldes pró-Rússia, matando todos os
298 passageiros. Acredita-se que separatistas ucranianos tenham sido
responsáveis por um ataque à aeronave, e embora isso ainda não possa ser
comprovado, o saldo de danos e crimes contra a humanidade cometidos na Ucrânia
já é alto o suficiente para que as nações tomem uma medida não a favor de um
lado ou de outro, mas sim em prol da vida.
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